Por que é tão difícil? Por que não faço mais vezes? Por que parece que estou fracassando?
Hoje eu desisti de uma coisa. Não interessa o quê, eu simplesmente desisti. Foi difícil, porque me disseram que eu me arrependeria, que não era a coisa certa a se fazer. “Como assim você vai desistir?” Me perguntaram. Dei de ombros. “Desistindo”, disse, e me olharam como se eu estivesse louca. Por que é loucura deixar de lado aquilo em que eu não me encaixo mais? Parece sinal de fraqueza, mas desistir é sinal de fortalecimento. De novas direções, de mudar a seta, mirar ao contrário.
Me fez bem, desistir. Eu sei que vou encarar as pessoas que nãoi entendem, ainda muitas vezes, e ter que explicar desse meu jeito dando de ombros e com poucas palavras, ainda algumas vezes, mas um dia passa. Um dia essa desistência vai parecer a coisa certa, e ninguém mais vai lembrar que um dia eu estive nesse lugar, desistindo, jogando as páginas para o alto “não quero mais”, sendo teimosa. Desistente. Fraca. Inconsequente. “Mas você não pensa no seu futuro?”, “é tão simples, é só fazer… você é foda”. Foda, aqui, usado no sentido contrário de ser realmente foda, ou como a gente conhece, incrível. Foda aqui sendo usado como “você não presta”. Tá. Tudo bem. Eu desisti de aceitar essas críticas também. E estou me sentindo foda—no sentido certo. Não consigo me sentir fraca. Me sinto como se tivesse uma ferida, e ela está lentamente cicatrizando. Porque eu parei de forçar seu tratamento e a deixei curar sozinha. E está curando. Está melhorando.
Eu estou melhorando.

Eu estou desistindo de pequenos caminhos e traçando longos, sinuosos, difíceis de compreender, mas que fazem eu me sentir foda. No único sentido que eu sei usar a palavra. 


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